sábado, 23 de junho de 2007

Dinheiro e sexo - As supremas ilusões

Existem duas ilusões bastante diferenciadas em nossa cultura – uma relacionada com o dinheiro e a outra com o sexo. A ilusão de que o dinheiro é onipotente, que ele pode solucionar todos os problemas e trazer ao seu proprietário toda a alegria e felicidade, é responsável pelo culto ao dinheiro.
De maneira similar, o culto ao sexo provém de uma crença na onipotência do sexo. Na opinião daqueles que partilham destas ilusões, o encanto sexual, assim como o dinheiro, é um poder que pode ser usado para abrir as portas do céu. Para muita gente, dinheiro e sexo tornaram-se as divindades supremas.
Todo paciente esquizóide possui a ilusão de que o sexo é onipotente. Toda moça esquizóide, embora cônscia de não ser aclamada “deusa do amor”, tem uma profunda convicção da irresistibilidade do seu encanto sexual. Algumas o “demonstram”, ao passo que outras tem este sentimento encoberto pelo medo e pela ansiedade. Esta ilusão dá uma uma importância indevida ao sexo, negligenciando assim a personalidade total.
Sexo e personalidade são dois lados da mesma moeda. A tentativa de divorciar o sexo de sua base na personalidade total conduz à ilusão da "sofisticação" sexual. O "sofisticado" sexual utiliza o sexo como meio de se relacionar ou como instrumento de poder. Esta utilização do sexo distorce a sua função. Em vez de se constituir numa expressão de sentimento pelo parceiro sexual, ele se torna uma manobra para fazer inflar o ego da pessoa e estabelecer a sua superioridade.
O homem que desempenha o papel do irresistível "Casanova" procura corresponder a uma imagem egóica de si próprio como "grande amante". A mulher que se julga sexy acredita que o seu encanto sexual demonstra a superioridade de sua feminilidade.
O fato de o sexo ser uma expressão de sentimento e que um corpo sem sentimento é desprovido de sexualidade são verdades que o individuo esquizóide ignora. A ilusão do sexualismo torna erroneamente a aparência como se fosse o conteúdo, e confunde "sofisticação" sexual com maturidade sexual. Esta ilusão, assim como muitas outras, evolui com um exagero da situação da infância. Ela representa uma fixação no nível edipiano e é uma ampliação dos sentimentos incestuosos entre pais e filhos.

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O comportamento destrutivo visto hoje em dia no alcoolismo, no vício em drogas, na deliqüência e na promiscuidade, reflete o grau até onde os indivíduos em nossa cultura tornaram-se isolados, desligados e desesperados. Pouca diferença faz se a depressão é real ou imaginária, exceto que no desespero real a estratégia de defesa é interrompida logo que a emergência é ultrapassada. O indivíduo esquizóide, todavia, vive num estado contínuo de emergência. A sorte específica que ele teme, pode ser determinada a partir do seu comportamento, uma vez que este comportamento constitui simultaneamente um desafio à sua sorte e uma tentativa de precaver-se contra as conseqüências desastrosas.
Quando o individuo esquizóide age de forma tal, ele tenta explicar seu isolamento, a sua inutilidade e o seu vazio.

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Continua.

Extraido de "O corpo traído - Dr. Alexander Lowen, edição 1979"

Um comentário:

Aichego disse...

Oi Phylos.
Não sei se lembra de mim. Trocamos correspondencias on line, algum tempo atrás, atraves de nossos blogs.
De repente parei aqui no seu de novo e adorei.
Muito bom.
Obrigada.

BEijocas,
BArbs!